Já exibiu as suas criações em várias cidades no mundo e é impossível ficar indiferente à sua arte. Através dos seus trabalhos, exprime a sua preocupação com o impacto gerado no meio ambiente causado por uma sociedade de consumo e as repercussões desse impacto no nosso Planeta.
Bordalo II, como se intitulou para prestar homenagem ao seu avô, Artur Real Bordalo reconhecido pintor português, vivenciou a obra do avô que se caracterizava maioritariamente por pinturas de aguarelas e óleos de imagens da cidade de Lisboa, retratando a sua urbanidade. Para além desta influência, Bordalo II também reconhece a influência dos grafitti nas paredes de Lisboa, ambas levaram a que escolhesse como cenário para apresentação dos seus trabalhos, o espaço público.
Podemos compreender um diálogo entre Bordalo II e o seu público, visitantes ocasionais ou de passagem, questionando a nossa sociedade, consumista e materialista, tornando a consequência no “material” para desenvolver o seu trabalho artístico.
Apelando a uma consciência coletiva para o "lixo" que produzimos, reutiliza-o como matéria-prima para as suas construções, nada mais que bocados de metal, plástico, lata, redes, entre outros, todos materiais que serviram para construir uma série de animais em grande formato que se encontram em exposição em vários locais, e com os quais Bordalo II quis transmitir a sua mensagem, de que os materiais que usa para as suas construções, «são os mesmo que matam os animais». Esta afirmação encontra-se bem patente em cada uma das destas criações.
As várias séries de obras, alertam para o desperdício que é gerado e depositado no solo, ou no oceano.
A série Floating Plastics retrata o cenário de poluição dos oceanos e com as várias obras pretende gerar um alerta para este problema.
São disso exemplo a criação Swimming with Sharks exposta no Festival Ono´U Tahiti na Polinésia Francesa. No mesmo local a peça realizada em plástico, e em que o seu nome The World Most Dangerous Predator – Plastic simboliza muito bem o conceito que lhe está associado. The Human Look, a face de um homem em esqueleto, exposto entre o mar e as rochas em Cascais, Portugal, é a representação da tragédia ambiental que o plástico e os restantes detritos existentes nos oceanos estão a provocar nos vários ecossistemas marinhos.
Assim como a série Neutral, em que Bordalo II cobre todas as construções com cores neutras ou próximas da realidade que deseja recriar. Também várias obras desta série estão distribuídas por várias cidades, compatibilizando os animais que foram escolhidos de acordo com o local da exposição. Como exemplo o Lince Ibérico (um dos animais que esteve perto da extinção e que foi possível através do envolvimento de várias organizações manter a espécie) exposto em Lisboa, Portugal, ou Los Loros (recriação de dois papagaios) na Cidade de Carmen no México, ou a obra Turtle (uma tartaruga) apresentada no Festival Ono´U no Tahiti na Polinésia Francesa. E tantos outros que podem ver aqui da série de Big Trash Animals.
Para além destas séries muitas outras são possíveis descobrir, como as séries Gallery Format,desta série as obras resultam em estrutras mais pequenas e que podem estar expostas em espaços como galerias. Provocative é uma série de obras que expõe uma voz mais política na expressão artística de Bordalo II, que provoca a sociedade para a discussão de vários temas da atualidade. E ainda a série Train Tracks,uma visita que vale a pena fazer pelo mundo do grafitti que Bordalo II evoca nas linhas de comboio em vários locais diferentes, e com diferentes perspetivas.
Apesar de ser um jovem artista, Bordalo II conseguiu que a sua arte chegasse aos quatro cantos do mundo, hoje é amplamente reconhecido pelas suas obras e constitui um dos mais promissores artistas contemporâneos.
Espero que tenham gostado de conhecer Bordalo II.
Vossa,
Vera